Na crise do fim dos anos 70 e início dos 80 do século passado, a Comunidade Cristã da Serra do Pilar deu-se conta de algumas situações de pobreza, nomeadamente:
- que aos fins de semana muitas crianças em idade escolar, absolutamente abandonadas pela família e pela sociedade, não comiam nenhuma refeição, contrariamente ao que acontecia durante a semana na cantina escolar;
- que havia muitos idosos sós e abandonados a viver em situações verdadeiramente abjectas de fome e imundície;
- que, quando chovia ou estava muito frio, os reformados e idosos que durante a semana se entretinham pelo Jardim do Morro, não tinham onde se reunir.
A Comunidade tinha alugado uma garagem para reuniões e etc, e começou por disponibilizar o espaço para atender ao dito supra, nomeadamente para organizar um serviço garantisse pelo menos uma refeição às crianças ao Sábado e ao Domingo, e que atendesse e mesmo abrigasse os idosos que viviam em situação precárias e não tinham onde se reunir em dias de inverno.
“A Garagem”, nome que passou a dizer esta iniciativa, seria depois chamada “Centro de Convívio da Serra do Pilar”, nome que viria a ter a IPSS fundada com este nome em 1987. Descobríamos, entretanto, idosos que viviam sozinhos, sem cuidados primários de saúde e sem qualquer tipo de assistência; abandonados de todo e de tudo. Ali começaram a passar os seus dias, ali tomavam banho, se lhes serviam refeições, se lhes lavava a roupa… Com o tempo a já IPSS começaria a perceber que, tendo embora menos idosos no Centro de Convívio, eram cada vez mais os que pediam à Instituição serviços domiciliários. A Instituição adaptou-se e começou a atendê-los em suas casas.
Estivemos muitos anos na dita Garagem, na zona da Serra do Pilar, freguesia de Santa Marinha, em Vila Nova de Gaia, Rua Marciano Azuaga, nº 82.
Com o tempo, o espaço de que a instituição dispunha tornou-se muito pequeno e impróprio. De há muitos anos.
Mas nem pensar em instalações novas e adaptadas à necessidade de tão intenso trabalho, até que, no âmbito do programa PARES, pudemos pensar e começar a construir, num projeto de 2008, um edifício novo que pudesse dar resposta a tanta solicitação. Poderia o sonho tornar-se realidade?
Após uma longa batalha, em 31 de Maio de 2014 conseguimos inaugurar o Centro agora de Acolhimento da Serra do Pilar está a funcionar na rua 1º de Maio, em Vila Nova de Gaia, nº 55, num edifício da Instituição, com 5 pisos e capacidade para dar resposta a 96 utentes, 26 idosos em regime de internato, 30 em Centro de dia, e a 40 assistidos em apoio domiciliário.
Tendo embora de responder a exigências obrigadas por lei, tentamos, quanto possível, assistir aos mais carenciados.
Sandra Flaminio
31 de maio de 2023
Há 9 anos inaugurámos, neste dia, as novas instalações do Centro de Acolhimento da Serra do Pilar, CASP, o LAR, tão desejado por muitos e a partir de um desejo do sócio no 1, o presbítero Arlindo de Magalhães, para dar apoio à terceira idade, na freguesia de Santa Marinha.
Foi por isso, que em 2014, ao abrir este espaço que queríamos caloroso e com ambiente familiar, em jeito de surpresa e agradecimento, o fizemos no dia do seu aniversário, 31 de maio. Contámos, para tal, do apoio de gente de bem e muito voluntariado, mãos tão importantes nesta muito difícil e, por vezes, incompreendida tarefa de apoiar os mais débeis e carenciados, caminhada longa iniciada em 1987.
Há 9 anos tivemos connosco muitos amigos, algumas individualidades de referência em Vila Nova de Gaia e, claro, "a alma" desta obra, o P. Arlindo, que celebrava nesse dia 70 anos de idade. Foi uma surpresa, uma singela mas sentida homenagem que lhe quisemos fazer, levando-o a sentir que, sempre que se quer, embora com muito sacrifício e, por vezes, algum desânimo, "o Homem sonha e a obra nasce".
Hoje, não o temos connosco. Fica-nos um sentimento de vazio e... saudade. Parece que ainda está connosco, que anda por aí, em trabalho, em Espanha, de férias, que ainda vai aparecer... que está atrasado!... Acreditamos que vai olhando por nós e pela sua obra...
Doravante fica-nos este vazio na evocação do 31 de maio... é a SAUDADE tão da alma portuguesa. Mas a "sua obra" continuará viva. Sejamos capazes de continuar o seu sonho.